Para um BE como alternativa socialista também na juventude!
30-Jan-2009
c.jpgUm dos sectores onde a política do BE tem mostrado maior penetração, desde o seu surgimento, é a juventude. A irreverência com que o BE apareceu, e o facto de ser uma alternativa antiburocrática ao PCP, fez chegar o interesse pela política e a militância a muitos jovens.
 
Texto de Flor Neves, subscritora da Moção C 

Também os ataques à juventude têm sido imensos nos últimos anos e em particular com a governação Sócrates: o crescimento exponencial da precariedade no trabalho e no desemprego; o aumento brutal do valor das propinas e o estrangulamento financeiro das universidades; a falta de democracia nas escolas e a sempre adiada aplicação da educação sexual.

Contudo, a institucionalização do BE, enquanto partido cada vez mais virado para o parlamento e para as eleições, e a falta de uma política clara de estruturação na base do país, tem tido consequências na sua actuação junto da juventude.

Ao nível do ensino secundário e superior, o BE não tem conseguido estruturar os seus activistas de forma consequente e continuada. Os colectivos de faculdade ou universidade são poucos e na sua maior parte inconstantes; o trabalho no secundário é restrito geograficamente e muito embrionário. As actividades nacionais dos jovens, como o acampamento, deixaram de ser consideradas prioritárias pela direcção do BE, com consequências graves no apoio (ou falta dele) ao acampamento. Finalmente, em tempos ainda recentes, muitos camaradas afectos à moção A eram favoráveis ao fim da Conferencia Nacional de Jovens e à eleição democrática da sua Coordenadora.  Pensamos que actividade dos jovens deve ser mais que a colar cartazes e distribuir panfletos, pois podemos e temos de ir muito mais longe!

O BE tem que ter uma presença activa e organizada nas escolas e faculdades, dinamizando colectivos combativos e democráticos, com todos os activistas do BE e que não sejam do BE, e que centrem a sua actividade nos problemas da escola, faculdade ou universidade, procurando dar resposta às preocupações concretas dos estudantes da instituição onde actuam, dos problemas quotidianos e da luta pela sua resolução. Este trabalho não deve impedir; mas sim fomentar a intervenção nos órgãos pedagógicos e de gestão das escolas e faculdades, nas associações de estudantes, bem como junto das residências universitárias.

Por outro lado, é também necessário ir mais longe no trabalho junto dos jovens precários. Iniciativas como o Mayday são importantes, mas não chegam. É preciso organizarmo-nos nos locais de trabalho enquanto alternativa, junto daqueles que connosco querem mudar as coisas, porque vêem que elas não estão bem.

Queremos um BE militante, democrático e combativo, voltado para o trabalho de base, que esteja nos movimentos (sem os controlar, mas neles intervindo com política e democracia) e impulsione as suas lutas. Consideramos que os jovens, pelo seu dinamismo e radicalidade têm nesta tarefa um papel fulcral. É também esse desafio que trazemos a esta Convenção.