A identidade ideológica do Bloco de Esquerda
26-Jan-2009

b.jpgOs debates entre as moções apresentadas à VI Convenção do BE têm proporcionado momentos muito enriquecedores de contacto entre camaradas que estão impedidos de o fazer fora deste contexto.

Texto de Ferreira dos Santos, subscritor da Moção B 

Assim, foi-nos dado constatar que existe uma grande  carência mas também apetência por debate político entre os bloquistas.

Os activistas de um movimento-partido como o nosso necessitam de debates políticos, sem a presença das câmaras de TV e dos microfones dos jornalistas, que lhes permitam colocar, entre si,  com clareza, as suas dúvidas e as suas preocupações.

Foi assim que nos apercebemos das dúvidas existentes em alguns camaradas, preocupados com aquilo que dizem ser a fragilidade da identidade ideológica do Bloco e a necessidade de um programa político consistente. Aquilo a que alguém chamou uma "Bíblia" que nos permita confrontarmo-nos com os programas dos outros partidos, na luta pelo poder.

Também aqui nos parece estarmos perante preocupações que têm a ver com a falta de debate político permanente dentro do nosso  movimento.

A identidade ideológica do Bloco de Esquerda está claramente definida desde há dez anos  e consta do artigo 1.º dos Estatutos por nós aprovados. Diz lá que somos um movimento de cidadãos e cidadãs que assume a forma de partido político, comprometendo-nos na luta intransigente pela liberdade e na busca de alternativas ao capitalismo, na perspectiva do Socialismo. 

Quanto a um "programa político" para o Bloco, consideramos  que este vai sendo construído pelos contributos de cada um de nós em colectivo, na perspectiva da resolução dos problemas que se vão colocando  na sociedade portuguesa. Não pretendemos nenhuma "Bíblia" ditada por quem quer que seja, por melhores que sejam as intenções. Não temos que nos confundir com nenhum outro partido ou movimento, não por pretendermos ser os melhores, mas porque queremos ser diferentes.

No âmbito de um movimento que se pretende abrangente e de tipo novo, mais definições do que as que são apresentadas  serão particularismos que só podem restringir a participação dos nossos concidadãos.

Dentro do BE nunca foram colocadas as peias dos diferentes "ismos" que poderiam provocar divergências artificiais. É nesse sentido que esperamos continuar a ver prosseguir o Bloco como um movimento inclusivo e plural, onde não se pergunte a quem chega de onde vem, mas para onde quer ir.

Ferreira dos Santos