MAIORIA SOCIAL NÃO É IGUAL A SOMA DE MINORIAS PARLAMENTARES
11-Jan-2009

b.jpgA preocupação primeira dos aderentes que se propuseram apresentar à VI Convenção do BE uma proposta de moção de orientação política, agora identificada por moção B, é a de contribuírem para dar uma maior capacidade de intervenção ao Bloco.

Texto de Ferreira dos Santos, subscritor da moção B

O nosso compromisso passa por tudo fazer para que o Bloco não se vá transformando  num mero partido eleitoral e que retome corajosamente  o princípio de “correr por fora”  com que foi criado e com que congregou tantas e tão diferentes vontades e interesses.

No restrito  quadro da democracia parlamentar liberal em que vivemos é muito difícil, senão impossível, a concretização de fórmulas que correspondam a uma maioria que busque alternativas ao liberalismo.  Por isso, pensamos que é necessário:

- afirmar o Bloco de Esquerda como um partido-movimento, conseguindo articular no seu seio, simultaneamente, condições de democracia interna e a abertura à participação de activistas de grupos e movimentos  sociais e políticos que tenham a democracia, os valores de esquerda e/ou o socialismo como referência, para a definição de uma alternativa clara de poder e de Governo.

-  descentrar o debate, exclusivamente centrado no Parlamento, para o plano social;

Porque a afirmação da vontade popular e social faz-se onde as pessoas estão e são essas pessoas, com a sua mobilização, que constituem a democracia que queremos.

Um enfraquecimento das formas de participação popular condiciona a afirmação de uma maioria social de esquerda e remete a definição dessa maioria para fórmulas de aritmética parlamentar que, sistematicamente, não produzem alternativas de mudança, nem quanto às políticas, nem quanto à emergência de qualquer mobilização popular favorável e impulsionadora de mudanças.

Um mero somatório de “esquerdas parlamentares” pode produzir maiorias conjunturais, mas não tem produzido alternativas duradouras de mudança  porque não é impulsionador de fortes movimentações sociais.

Daí que entendamos que o Bloco de Esquerda deva encarar com prudência uma certa moda de arranjos entre cúpulas que podem parecer muito promissores, mas a que faltam as bases sociais de apoio para resultarem no que quer que seja de útil para o movimento social.