Sem participação não há democracia
08-Jan-2009

c.jpgOs últimos dois anos dentro do Bloco, trouxeram mais gente ao Bloco. Mas não trouxeram mais participação. E sem participação é a democracia que está em causa. Crescemos em número de aderentes, possivelmente vamos crescer em eleitores e consequentemente em eleitos, mas, no dia a dia, o Bloco continua a não entrar nas empresas e a ficar à porta das escolas.

Texto de Isabel Faria, Subscritora da Moção C

Também nós não temos da participação do Bloco nos movimentos sociais, a visão estratégica do controleirismo partidário, como afirmam os camaradas que subscrevem a Moção A. Mas se o Bloco pretende ser uma alternativa democrática e combativa à burocracia e ao controleirismo, os seus militantes têm que a criar. E ela só pode ser criada, estando no terreno. Disputando cada CT, mas também cada A. de Estudantes ou cada Direcção Sindical. Não porque o Bloco as pretenda controlar, mas porque os compromissos que assumimos de criar uma alternativa socialista e democrática ao capitalismo, o exigem. E porque os compromissos que assumimos de criar alternativas democráticas, participativas e combativas às Direcções sindicais e ao seu controleirismo também o exigem.

 Sem participação a democracia interna continua adiada. A forma como foi assinado o Acordo de Lisboa, acaba por ser paradigmáitico dos riscos que se correm, se não se arrepiar caminho. O Acordo foi, a todos, imposto, sem discussão. Numa tarde de Verão soubemos, pela  CS, que Sá Fernandes e Costa tinham feito um Acordo em Lisboa. E que a Comissão Política do Bloco o subscrevia.

A seguir coube-nos - Concelhia, aderentes, Mesa Nacional, o papel de ratificar. Nada havia já a fazer, repetiam-nos. O facto estava, sem discussão em tempo útil, consumado. Acreditamos que o afastamento e o desencanto de muitos, que se seguiram à assinatura do Acordo não teve, apenas, a ver com o considerarem politicamente errado, mas também com a forma como todo o processo decorreu.

Não pretendemos continuar a mexer na ferida, preocupa-nos que não se tenha criado nem se esteja a criar tratamento para ela. O modelo de pirâmide, em que, mesmo quando se discute, não se decide, pois as decisões já estão, na maioria das vezes, tomadas, agrava a distância com o Partido. E agrava a sensação de que a participação não passa de um chavão usado quando é preciso distribuir panfletos ou colar cartazes.

O Bloco que não quer, e muito bem, ser controleiro dos Movimentos sociais não pode ser um Partido "controleiro" dentro de si próprio. A nossa génese e o nosso objectivo é ser alternativa. Ao capitalismo, à Direita, ao PS, mas também ao centralismo burocrático de outras organizações e de outros tempos.